27 de agosto de 2015

Amor à primeira vista



Quero começar admitindo que nunca fui a maior fã de gatos, pois sempre senti que eles me olhavam com vontade de arranhar minha cara. Contudo, no momento em que bati os olhos nessa gatinha, me apaixonei. Quando a vi pela primeira vez ela estava, toda manhosa, passando seu rabinho entre as pernas de um rapaz lá no Labcom (prédio de comunicação da UFRN) e fazia uma carinha toda faceira enquanto ele a acariciava. Achei a coisa mais linda do mundo, aquele pequeno filhotinho pedindo carinho. Mas isso acontece bastante comigo, vejo os gatinhos lá na universidade e fico apaixonada, querendo adotar todos, só que nunca dá certo, pois ou eles são adultos – e, nesse caso, apesar de eu concordar com adoções, no meu caso seria mais difícil, pois não tenho muita experiência com gatos e quando adulto ele demora mais para se acostumar que vai ter um novo lar, creio – ou são ariscos ou simplesmente somem. 


No semestre passado eu “adotei” um gatinho que morava no meu setor, porém nunca dava certo de eu pegá-lo para levar para casa. Quando finalmente ia dar certo, ele sumiu... Então imaginei que dessa vez fosse ocorrer o mesmo. Para a minha surpresa, quando saí da aula, a gatinha ainda estava lá, parada, no meio do meu caminho. Parei, fiz um carinho, peguei no colo. Já não havia como negar, estava apaixonada e não conseguiria mais ficar longe dela. Tentei ser sensata, eu estava indo para a aula, coloquei-a de volta no chão. Não dava. Peguei a gatinha e fui com minhas amigas para a aula. No outro setor consegui uma caixa e a coloquei lá, esperando que ela fosse atrapalhar minha concentração tentando sair e que o professor fosse brigar, todavia mais uma vez ela me surpreendeu: dormiu na caixa.

Minha mãe, antes mesmo de conhecê-la, também já estava simpatizando e quando a viu pela primeira vez foi amor a primeira vista assim como para mim. Já não poderíamos nos separar da gatinha. Só tinha um problema: meu cachorro. Eu acredito que a intenção dele seja apenas brincar com ela, porém não dá para arriscar, então teremos que fazer com que eles se conheçam e se gostem aos poucos. 

Quem já adotou um animal, ou pretende, sabe que a primeira medida a se tomar é levá-lo ao veterinário para vacinar e dar remédios contra verme. Ela estava bem quietinha pela manhã, percebi que seu cocô não estava normal, por isso imaginei que estivesse com alguma verminose. Quando cheguei em casa e minha mãe me contou o que ela tinha, minha garganta secou, meus olhos se encheram de lágrimas, fico angustiada até agora, escrevendo sobre, só de me lembrar.  

Ela teve um rompimento nos ligamentos dos músculos do abdômen, ou seja, suas vísceras estão expostas, ela não consegue digerir alimentos direito. 

Se eu não a tivesse acolhido, seu destino provavelmente seria a morte.

Hoje ela foi ao veterinário fazer uma cirurgia. Apesar de ter ficado triste com o fato, pelo menos ela tem uma família agora, que pode pagar uma cirurgia para ela melhorar, caso contrário, nem quero imaginar qual seria seu destino.

A pior parte de saber isso é ter a consciência de que esse problema foi causado por uma pancada forte, provavelmente por maus tratos, e me dói muito imaginar que alguém teria a coragem de machucar um animalzinho indefeso como ela. Só um chute “de brincadeira” já seria suficiente para causar todo esse estrago. Não posso, é claro, afirmar o que foi, mas até a veterinária concorda que o mais provável é que isso seja o que ocorreu, afinal, nunca ouvi falar de um gato que caiu de barriga no chão, mas sei de muitas pessoas que adoram chutar esses pobrezinhos que ficam largados pela universidade.

Não gosto de julgar ninguém sem antes conhecer, porém prefiro manter distância de pessoas que maltratam animais. Boas, ruins, prefiro não saber, prefiro não conhecer. Não sei se sou capaz de compreender a razão que leva alguém a cometer tal ato, pode até ser um preconceito meu, estou até disposta a ouvir justificativas, porém provavelmente nunca serei capaz de perdoar. Nenhum animal merece ser tratado cruelmente por ninguém. 

Há muitos gatos morando na universidade, talvez não seja possível que se adotem todos, mas sugiro que, se você quer ter um gato, não compre, adote. E nem precisa ser em uma agência, garanto que um passeio pela UFRN já vai te garantir seu novo amigo. Quando eu peguei minha gatinha, me certifiquei de que ela não tinha família ou “amiguinhos”, pois não queria separar ninguém. Todavia, acho que no caso desses gatinhos abandonados, às vezes a melhor opção é ser adotado e bem cuidado, do que continuar a própria sorte com sua “família”. Afinal, se eu tivesse de fato encontrado sua família e tivesse decidido deixá-la com eles, seu rompimento a privaria de aproveitar muito tempo com os outros gatos.

Enfim, só queria fazer um pedido: se você não gosta de animais, pelo menos não os maltrate.

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