Há uns dias ganhei um livro da minha tão querida coleção Saraiva de Bolso.
O livro se chama A Conquista da Felicidade e é do renomado autor Bertrand
Russell. A priori o título lembra um livro de auto ajuda, mas garanto que não,
é apenas uma análise dos dois estados emocionais mais extremos do ser humano:
tristeza e felicidade. E claro, também uma análise de como conquistar essa tão almejada felicidade.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira, fala-se sobre a
tristeza. O que deixa o homem triste, por quê. Em 9 capítulos, Russell explana
as principais causas da infelicidade do homem moderno, desconstruindo algumas
crenças, mostrando algumas verdades e, principalmente, nos fazendo pensar.
“Por que é mais efetiva a
propaganda que incita ao ódio do que aquela que promove os sentimentos
amistosos? Evidentemente, a razão é que o coração humano, tal como moldou a
civilização moderna, está mais inclinado ao ódio do que à amizade”.
Diversas são as motivações da tristeza de um homem, entretanto,
existem certas razões que são responsáveis pela insistência dessa tristeza em
continuar presente, o que ele chama de sentimentos mais complexos. O autor
analisa esses sentimentos negativos, sendo exemplos o tédio e a fadiga, e
explica como isso interfere no emocional humano.
Ele constrói, então, argumentos muito racionais que nos fazem ver as razões de tal sentimento não ser muito bom. Em excesso. Uma coisa que eu gostei muito, é que ele não parece acreditar no extremismo, e demonstra que mesmo os sentimentos ruins, como a inveja, em determinado grau e com determinados resultados não necessariamente precisa ser negativo. O que faz o homem infeliz nesses sentimentos é o seu exagero. O costume é senti-los de modo intenso, quase compulsivo. E ele mostra aonde isso leva.
Ao longo da primeira parte ele já fala sobre felicidade, muitas vezes já demonstrando como seu raciocínio implica uma maneira de ser feliz. E para cada conclusão, sempre há uma explicação que nos faz ver a racionalidade de sua lógica. E isso é importante acrescentar porque existem muitos céticos que acreditam que a felicidade para mim é muito diferente da que é para você. Não nego, contudo, como mostra Russell, existem semelhanças em cada felicidade e em cada homem feliz.
"Uma vida feliz tem que ser, em grande medida, tranquila, pois só em um ambiente calmo pode existir a autêntica alegria".
A primeira parte termina falando sobre um dos meus assuntos preferidos: a tolerância (surpresas estão a caminho). No capítulo seguinte, é introduzida a felicidade. Ela ainda é
possível, e agora ele irá tratar dos principais motivadores de felicidade na
vida do homem.
Nem sempre as coisas que causam a felicidade precisam ser difíceis
de alcançar. Quando pensamos em "ser feliz", geralmente nos imaginamos realizando todos os nossos sonhos. Isso também faz parte, mas há muito mais.
A família e o entusiasmo pela vida, por exemplo, são fatores
simples e muito importantes para atingir esse objetivo de ser feliz. O
entusiasmo, fator pelo qual me interessei bastante, consiste basicamente em possuir interesses variados,
de preferência em grande quantidade. Isso porque quando se gosta de algo,
diverte-se com isso, e quanto mais coisas fizerem parte desse conjunto, mais
facilmente entretido você estará.
E é verdade, quando você está interessado em algo, não importa o
quanto isso tome o seu tempo, pensar nisso, fazer isso sempre será uma fonte de
prazer. Tendo isso em mente, pensei em utilizar esse finalzinho de férias para
expandir meus interesses e procurar coisas mais variadas para me entreter.
Encontrei muito amor e felicidade ao me dedicar mais ao meu hamster de
estimação. Claro que sempre cuidei dele, alimentei, limpei, tudo direitinho,
contudo agora estou fazendo com ainda mais amor e dedicação, tornando, assim, a
tarefa de lavar a gaiola algo prazeroso, pois estou fazendo um bem a ele.
É um interesse bem simples, mas asseguro que está contribuindo para
minha felicidade. É uma coisa legal a mais para ocupar minha mente, que mal há
nisso? Espero encontrar ainda mais coisas interessantes para me ocupar. De
agora em diante estarei sempre em busca. E para quem se interessa por esse
assunto, por ser feliz, recomendo a leitura e, principalmente, a prática. São
coisas tão fáceis, até bobas, que não custa tentar.
É melhor, e mais produtivo, ocupar a mente com algo que se considera interessante, do que passar os dias no ócio, no tédio.
O mais difícil, na verdade, é renunciar a todos os sentimentos
negativos. Sempre os repudiamos, porém é tácito que eles não se evitam com
tanta facilidade, pois como já disse Russell, nosso coração está mais inclinado
ao ódio. Todavia, acredito que começar com metas pequenas irá minimizar esses
sentimentos e, aos poucos, eles se extinguirão por si sós, pois se pararem de
receber atenção e a mente se ocupar com coisas de nosso interesse, que geram
entusiasmo, eles se tornarão inúteis.
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